Robôs de investimento ganham espaço com a busca por diversificação

RIO – O imperativo de diversificação diante de juros na mínima recorde e a crescente familiaridade de uma nova geração de investidores com start-ups financeiras estão popularizando os chamados robôs de investimento. Essas ferramentas automatizam o processo de sugestão de aplicações e se favorecem do apreço dos millennials pela eliminação de intermediários. No mês passado, a XP ampliou o acesso ao seu robô de investimento, o Max.

Lançado no começo do ano para apenas 50 mil clientes, agora ele está disponível para 250 mil pessoas, cerca
de um terço da base da XP. De acordo com o sócio Luiz Carvalho, o Max funciona como um chatbot — aplicação de conversa automatizada — no site da corretora. O Max conversa com o cliente para entender detalhes como seu perfil de risco e o prazo pelo qual gostaria de investir.

 

Pelo perfil do cliente

Com base nisso e na análise do patrimônio já investido pelo cliente na corretora, o robô sugere aplicações. A solução trabalha com todos os produtos da XP, à exceção dos fundos de previdência. — O foco do robô são os clientes que não contam com um assessor de investimento e preferem o autoatendimento. Mas o cliente continua no centro da decisão e precisa assinar termo de risco — explica Carvalho. — Isso nos permite ganhar escala e atender o cliente 24 horas por dia, sete dias por semana.

Mesmo assim, o Max causou certo ciúme em alguns agentes autônomos de investimento, que foram o motor de crescimento da XP. Carvalho garante que não há motivo para incômodo. Já os concorrentes aproveitam para alfinetar. — O agente autônomo virou um gerente de banco melhorado. Muitas vezes, o que ele oferece não está alinhado com o perfil do cliente, além de suas sugestões serem muito subjetivas. Com os robôs, fazemos uma oferta alinhada com o investidor. Os rebates (taxa paga à corretora por distribuir um fundo) que recebemos são
todos revertidos para o próprio fundo.

E nosso modelo é quantitativo, baseado em dados — afirma Luciano Tavares, diretor da Magnetis, pioneira na oferta de robôs. A ferramenta, lançada em 2015, está integrada à plataforma da corretora Easynvest e já foi usada por mais de 110 mil pessoas (embora a fintech não diga quantas de fato investiram). Desde sua fundação, a empresa Magnetis reduziu a aplicação mínima de R$ 15 mil para R$ 1 mil. — O Tesouro Direto deixou de ser tão atraente, e as pessoas estão precisando buscar algo além. Mas a maioria delas não têm conhecimento para fazer isso. Aí, o robô se torna a ajuda ideal — completa Tavares.

 

Nada de preguiça

Em vez de oferecer produtos avulsos, como a XP, a Magnetis monta uma carteira fechada para o investidor com base em um questionário on-line, cujas perguntas tentam identificar seus objetivos e tolerância a risco. Os softwares prometem adaptar o portfólio automaticamente, com base nas condições de mercado. Criada há um ano e meio, a Warren diz já ter 60 mil clientes e vai anunciar, no fim deste mês, sua plataforma aberta, com 110 fundos
de mais de 20 gestoras. Embora o sócio Tito Gusmão refute o rótulo de “robô-advisor”, a empresa se firmou com o apelo à tecnologia. A partir de um questionário que envolve a definição de objetivos específicos, a ferramenta apresenta automaticamente um portfólio de aplicações. A companhia cobra 0,5% ao ano por essa gestão. A estratégia, daqui para frente, será se posicionar como “corretora com foco no cliente”. — O principal problema de investir é que é difícil demais e tem muito conflito de interesse.

A partir de novembro, vamos devolver aos clientes todos os rebates do fundo e mostrar que estamos alinhados aos seus interesses — diz Tito. Mas, por mais populares que sejam, os robôs não são uma panaceia universal, alerta Bernardo Pascowitch, do Yubb. Levantamento do buscador de investimentos feito a pedido do GLOBO mostra que, nos últimos 12 meses, 12 de 20 carteiras
elaboradas por robôs de quatro plataformas tiveram desempenho médio abaixo do CDI — taxa a ser batida para qualquer aplicação com o mínimo de risco. — Não é recomendável ter uma postura preguiçosa.

O investidor deve acompanhar a rentabilidade do seu portfólio e, se a carteira não estiver com bom desempenho, buscar ajustes. Caso não seja possível fazer isso dentro da própria ferramenta, buscar ativos fora é uma solução — diz Pascowitch.

Fonte: oglobo.com (Autor: Rennan Setti)

 



Deixe uma resposta